Capítulo 48 do Volume 1: Instável (Controlados)

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"Instável" é o quadragésimo-oitavo capítulo do Volume 1 da série Controlados (A Aliança dos Castelos Ocultos). É o primeiro capítulo da Parte VI do livro (Pedidos e arranjos).

Ao terminar este capítulo, o/a leitor/a terá lido 76% do livro.

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Personagens[editar]

A fazer

Capítulo comentado[editar]

Cuidado! Você pode sofrer spoilers para o Volume 1 da Série Controlados se continuar a ler! Para ler a Série Controlados, é gratuito: leia online ou baixe o livro em PDF ou ePub neste link.

Byron examinava de pé a cena do atentado, trazendo no corpo a capa laranja que usava para se orgulhar de sua tradição. Naquele dia, entretanto, ostentava um semblante de alguém que tinha poucas coisas valiosas na vida --- e observava, em silêncio, as cinzas de uma delas. Na cela estavam duas metades de uma esfera de bronze. Tornero voltava da cela de Lamar, tendo visto que ele não estava lá.

--- Ele teve ajuda...

--- Não diga! --- Disse Byron, sem tirar os olhos do mineral quebrado. --- O que vai me dizer depois, Tornero? Que o policial foi iludido por este minério na madrugada de ontem?

Minério de bronze

Como visto na forma como foi utilizado no capítulo 42 (ler no site de leitura / ler capítulo comentado), o minério de bronze funciona de modo a gerar ilusões sensoriais nas proximidades de quem o usa - de acordo com a vontade daquele que quebrou o minério (assim ativando seu efeito).

Tornero calou-se, juntando as mãos à frente do corpo. Percebia, disfarçando neutralidade, o olhar de exaustão que Byron lhe lançava com o canto do olho.

--- Pensei que os policiais dessa cidade fossem menos estúpidos...

--- Cuidado com as palavras, parlamentar. --- Disse um homem de uniforme policial que entrava no vão central do lugar.

Ele andava com determinação tal que seu rosto parecia uma extensão das rígidas pernas e dos fortes braços. Byron manteve sua posição, olhando com curiosidade para o --- observaram imediatamente os magos --- homem comum que entrava no cenário da fuga.

--- Quem é você?

--- Sou o chefe de polícia de Prima-u-jir, e digo que...

--- Nome, chefe de polícia. --- Interrompeu Byron. --- Eu quero um nome.

A necessidade de um nome

Não há necessidade, na verdade, mas talvez seja um complemento a alguma estratégia mágica de Byron: ao dar ênfase à pergunta, potencializa a sutileza da técnica que provoca medo - potencializa através da insegurança, pois faz perguntar o que é que ele pode querer com seu nome. Além disso, de qualquer forma, saber um nome é uma forma de especificar a pessoa de maneira ainda mais forte, caso se queira referir a ela mais tarde --- importante caso Byron queira, por exemplo, demiti-lo ou algo do gênero.

O homem de grossas sobrancelhas escuras olhou por um instante para Tornero, que não ousaria se intrometer, e voltou-se para o político novamente.

--- Meu nome é Francesco. E nós somos policiais, pagos para cuidar da cidade, não dos seus presos particulares.

--- Policiais são homens e mulheres que devem fazer um trabalho bem feito e saber onde são seus lugares.

Byron caminhou tranquilamente em direção a Francesco, que desviou o olhar ao perceber o aumento na própria temperatura; sua pressão disparara, descontrolada. Byron se perguntava, por diversão, se precisaria ser um mago para causar aquele tipo de efeito --- se não conseguiria apenas por sua autoridade e figura deixar o policial arisco, dotá-lo de passos vacilantes, enredá-lo em indecisão e temeroso respeito.

--- A policial de ontem viu alguma coisa?

--- Não. --- Respondeu Francesco, de cabeça baixa.

Dominado

Aqui Francesco já se encontra sob poder da influência de Byron.

--- Ela não viu nada. Nem um vulto sequer.

--- Não.

--- Não ouviu um nome.

--- Não.

A resposta com ênfase atacou os nervos de Byron, que teve vontade de causar alguma espécie de agudo desconforto naquele homem abusado. Mas, entendendo que a resistência faria parte da cooperação, controlou-se.

Tática

Byron revela uma sutileza importante sobre a dominação: ao modo de Foucault, que diz que o poder nunca pode ser apenas negativo (ou não seria obedecido), Byron entende que a cooperação sob pressão acabaria por prejudicar a própria tendência à obediência do controlado; nesse sentido, essa pressão precisa ser externalizada, e a resistência, por pequena que seja, especialmente se dotada de uma carga emocional como a raiva, é importante; uma vez que a rebeldia é gasta, satisfeita com o gesto que não se percebe como permitido, a "cooperação" pode seguir em frente de acordo com os planos do mago.

--- Você entende que uma grave falha de segurança aconteceu aqui, Francesco?

O policial concordou com um balanço enérgico de cabeça. Byron o acompanhou mais lentamente.

--- Devemos pegar o prisioneiro de volta, não?

--- Sim.

--- Posso esperar por sua cooperação? --- Perguntou Byron, amigável.

--- Sim.

--- É claro. Tornero, alguma ideia de quem poderia ajudá-lo?

--- Creio que ele tenha ajudantes o suficiente, mestre.

--- Estava falando de Lamar.

Tornero piscou com veemência por um segundo ou mais.

--- Ele veio para a cidade depois de viver em Kerlz-u-een. Trouxe uma companheira e um filho.

--- Quem são eles?

--- Já perguntei. --- Tornero respirou pesadamente, fazendo um sinal impaciente para o chefe de polícia. --- Para eles. Quando chegamos com Lamar, dei ordens para que ninguém o visitasse... A mulher e a criança tentaram, mas foram impedidos. --- Voltou a olhar para o mestre, dando de ombros. --- Como não entraram, ninguém registrou nomes.

--- Ontem --- disse Francesco --- houve uma visita, mas nenhum dos policiais que estavam na guarda fizeram o registro. E-eu não sei o que aconteceu. Nós sempre fazemos registros.

Visita

A visita não registrada foi a primeira de Kerinu, mostrada no capítulo 42 (ler no site de leitura / ler capítulo comentado).

Byron balançou a cabeça um pouco menos energicamente antes de voltar a olhar para o minério. Francesco, como se acordasse em um susto, olhou para os pedaços perfeitamente curvos da pedra e os juntou do chão.

--- Quem fez isso tinha acesso a minérios como este. --- Raciocinou Byron, andando pela cela. --- Também atacou policiais. Se a mulher de Lamar veio até aqui com o filho, não se arriscaria a tanto.

--- E isso foi há dias.

--- Não eram as mesmas pessoas. --- Completou Francesco.

--- Muito bem... Pode ir, Francesco.

O policial quis que sua despedida fosse profissional, salpicada com obstinada vontade de fazer um bom trabalho, mas pareceu antes uma comemoração para a sorte que teve de poder ir embora.

--- O que eu penso --- explicou Byron enquanto adentrava, seguido por Tornero, o corredor da área de celas --- é que Lamar fez amigos em Kerlz-u-een. Outros alorfos.

--- É provável.

--- Esse amigo veio ao resgate... E agora já está longe demais para nós. Mas você, Tornero, vai ver onde a família de Lamar está. Quero os nomes deles. E se eles não estiverem aqui, você me avisará.

Nomes, novamente

Dessa vez a necessidade dos nomes é mais explícita: o plano que Byron quer pôr em marcha envolve a falsificação de documentos da cidade, portanto é importante conhecê-los.

--- O que você vai fazer?

--- Faça o que eu disse, Tornero.

--- Eu farei, mas preciso saber onde você vai estar, mestre.

Byron assentiu, com a mente distante.

--- Procure por mim no Parlamento.

Ver também[editar]

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