Capítulo 10 do Volume 1: Educação familiar (Controlados): mudanças entre as edições

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Edição atual tal como às 01h10min de 29 de agosto de 2019

"Educação familiar" é o décimo capítulo da Parte I do Volume 1 da série Controlados (A Aliança dos Castelos Ocultos).

Ao terminar este capítulo, o leitor terá lido 15% do livro.

Esta página foi transcrita literalmente a partir da versão anterior do Neborum Online e precisa ter seu conteúdo adaptado para o formato de wiki.

Personagens[editar]

A fazer

Capítulo comentado[editar]

Cuidado! Você pode sofrer spoilers para o Volume 1 da Série Controlados se continuar a ler! Para ler a Série Controlados, é gratuito: leia online ou baixe o livro em PDF ou ePub neste link.

Tadeu abriu a porta e passou os olhos com atenção por todos os cantos da casa. A sala era ampla e alta, com fortes paredes de corvônia. Havia à direita uma grande mesa retangular, em cujas cadeiras de prateados entalhes se encaixavam minérios de luz vermelhos. As duas compridas janelas do lado oposto à entrada eram de um vidro rugoso e vermelho, bem como aquelas à frente da casa, ladeando a porta que Tadeu fechava. Pendurados ao longo da parede esquerda estavam outros três minérios de iluminação, dois amarelos e um azul, intercalados. Acoplada à corvônia ficava uma escada com degraus claros, quase cintilantes, mas um corrimão de madeira escura.

http://seriecontrolados.com.br/no/wp-admin/post.php?post=647&action=edit#

Corvônia

Do artigo sobre minérios: "A corvônia é um material duro, resistente e de aparência rochosa, negra, geralmente usado quando as construções precisam ser resistentes – a forma como é visto arquitetonicamente, contudo, varia de cidade para cidade".

Seus olhos escrutinaram o lugar, desconfiados da ausência do pai. Não sabia o que esperar da primeira aula de magia, ainda mais considerando que seria ministrada por ele; eles iriam para outro lugar? Mais pessoas estariam presentes?

Professores masculinos

Tanto no caso de Tadeu e de Amanda são os pais que ensinam, mas isto é uma coincidência, com motivos diferentes. No caso mais óbvio, o de Amanda, é porque a mãe dela já faleceu. No caso de Tadeu, é o pai que ensina por causa de um conjunto de fatores: a mãe não está interessada em ensiná-lo, não acha que seria uma melhor professora que o pai, e porque o pai queria ensiná-lo. Quando os próximos livros forem lançados, as informações desta página serão expandidas. Um aviso de spoilers será provavelmente posto aqui em respeito àqueles que leram apenas os livros anteriores, mas já têm acesso ao Neborum Online.

Tadeu ouviu algo; descobriu serem as botas da mãe, que surgiu vagarosamente pela porta que levava à cozinha, trazendo as duas mãos dadas à frente do corpo.

--- Seu pai está esperando. --- Disse ela, encostando-se à moldura da porta.

--- Onde?

Eva acenou com a cabeça na direção de um corredor à esquerda, que começava antes da escada. Tadeu assentiu.

Quando Amanda entrou em casa, um empregado logo veio tirar-lhe a capa. Amanda agradeceu, e ele avisou que seu pai a esperava em uma sala no terceiro andar. Com um sorriso nervoso subiu as escadas, eventualmente pulando dois degraus de uma vez --- evitando certa feita o ranger de uma das tábuas. Chegou rápido à única sala de porta fechada do longo corredor escarlate. Bateu antes de entrar.

A sala, gigantesca e praticamente vazia, estava com as altas e finas janelas abertas para o lado de fora. Além das curvas colunas amarelas que surgiam da parede interna em direção a um teto inatingível, havia na sala uma coleção de almofadas lilases, um par de copos e uma jarra com água. O vento fresco de início de noite dava ao lugar um aspecto relaxante --- exatamente o tipo de coisa de que ela precisava.

--- Boa noite, filha. --- Disse Barnabás, deixando ver um sorriso amável ao voltar-se para Amanda. --- Está tudo bem?

--- Ótimo, pai. Vamos começar?

--- Se você estiver pronta... Por que não?

Ela levantou as mãos, dando um nervoso riso de indiferença.

--- Já que eu não sei o que é estar pronta...

O corredor levava a uma confortável sala que o pai, parado diante de uma lareira, usava para reuniões quando era inasi-u-sana. Era uma sala fria, ainda que ali não houvesse janelas, o que significava que o fogo precisava crepitar. As paredes, por mais uniformemente escuras que fossem --- como, aliás, eram em quase todos os ambientes daquele pequeno castelo --- eram muito bem iluminadas por minérios amarelos, dispostos simetricamente em duas das paredes. No centro do recinto dois confortáveis e luxuosos sofás, longos e com encostos de estofado vermelho, ficavam em cima de um tapete dourado e preto de motivos geométricos. A sala provocava uma sensação saborosa que Tadeu, por mais que não quisesse, achava insuportável.

--- Como tem estado? --- Perguntou Galvino, servindo-se de água. --- Quer um pouco?

--- Não, obrigado. Tenho estado bem.

--- O que tem feito? Por que estava fora?

--- Estava aprendendo cultivo. Plantas, flores... --- Amanda o ensinara algo sobre plantas medicinais. Ele também sabia reconhecer minérios de cura graças a essa conveniente mentira.

Galvino balançou a cabeça, como que aprovando a atividade, e se aproximou da lareira.

--- É um bom lazer, meu filho. A natureza é realmente algo que... Devemos admirar. Melhor ainda, é algo de que devemos tirar lições. --- Fez uma pausa para a água. --- ... Mas a vida dos homens, Tadeu, e especialmente de homens como nós, é mais importante.

A natureza como inferior

As relações entre os humanos e os elementos não-humanos de Heelum (excetuando os mistérios), isto é, aquilo que eles chamam de natureza, são variadas. Variam de acordo com cidade, área em que moram (mais urbana ou mais rural), entre outros. No caso dos magos, em que as relações sociais são instrumentais para que eles gerenciem suas vidas, é comum um tipo de ideia em que a natureza está, numa escala hierárquica, situada abaixo da esfera dos fenômenos sociais.

--- Eu sei. --- "Não, não sei", pensou Tadeu.

--- Você deve considerar a carreira política, Tadeu. Seriamente.

--- Pai, eu...

--- Não, não é preciso decidir por ela agora. --- Emendou ele, voltando-se para Tadeu novamente. --- Ou, bem, decidir-se por ela. Mas é algo que corre no seu sangue. Isso é algo que não se pode desrespeitar sem consequências. Por que não se senta?

A linhagem e a cultura

Desde o surgimento dos humanos a questão da forma como somos moldados pela experiência é um tema forte e recorrente. A ideia de que alguém está de certa forma determinado a um talento, a uma atividade, a uma experiência social por causa da ascendência é estranha e certamente não frequente. No entanto, há situações em que a linhagem importa - e o sangue funciona mais como analogia do que como verdade empírica, isto é: Galvino não realmente acredita que de certa forma Tadeu tenha "sido feito" para a política. Contudo, as regras, a dinâmica do jogo da Magia de Al-u-ber logo ensinam que a linearidade da magia é importante para garantir o futuro dos filhos e da comunidade mágica como um todo. A política "corre no sangue" do filho porque ele é filho de um político influente, e para garantir uma vida boa e próspera para um eventual neto, por exemplo, o primeiro passo é enredar o filho nessas relações e, acima de tudo, na magia; é a continuação da tradição. Não é fácil desrespeitar essa linearidade, naquela cidade, sem consequências, porque as consequências são justamente a quebra de toda uma tradição.

Amanda sentou-se ao chão de frente para o pai; as pernas cruzadas à maneira dele. Ela logo evitou o olhar que ele lançou, pondo a pequena (e por isso mesmo irritante quando solta) franja atrás da orelha com a mão, que inevitavelmente tremia.

--- Minha filha... Minha pequena... Você passou por tantas coisas. Veio à vida sem uma mãe que pudesse ajudá-la mais do que eu. Mas eu ajudei você a fazer da sua vida até agora o... O melhor que eu pude.

--- Eu sei. --- Ela disse, ainda olhando para o chão a sua frente.

--- Mas hoje vamos começar a sua caminhada rumo à integração à elite de Al-u-ber. Você vai aprender o que é magia, e como usá-la. Um dia poderá seguir meus passos, e ser uma importante líder nessa cidade.

Amanda reagiu com arrepios ao que ouvia.

--- E se... Eu não quiser ser uma líder? --- Perguntou ela, cautelosa.

--- Não, não, não estou falando só de política, filha, me desculpe... --- Disse ele, juntando as palmas das mãos. --- Me expressei mal. Eu quero dizer que, com a magia, você vai se destacar no que quer que você faça.

Amanda balançou a cabeça positivamente.

Galvino andou até ficar exatamente de frente para Tadeu, e esperou até que o filho o olhasse nos olhos para começar a falar.

--- A magia, Tadeu... Consiste em... Influenciar pessoas. A primeira coisa que nós vamos aprender é a lidar com Neborum. Acessá-lo.

--- Neborum?

--- Neborum é uma realidade diferente. --- Explicou Galvino, caminhando para longe. --- Lá você vê as coisas de um jeito que não as vê aqui. Faz coisas que não faz aqui.

--- Diferente...

--- É como um grande campo.

Galvino parou de novo diante da lareira, olhando fixamente para o foco do fogo. Tadeu o observava, esperando por mais; estava diante do mistério e fora fisgado por uma explicação incompleta.

Estaria o pai em Neborum naquele momento?

--- Sem montanhas. --- Disse Galvino, de repente; movimentou a íris, depois todo o rosto, e enfim andando de volta em direção aos sofás. --- Sem colinas. Sem rios. Sem nem árvores, na maioria das vezes. Apenas grama. À noite o mundo é escuro como a noite. De dia, é claro como o dia. Há um céu e há um sol. E é isso.

--- E... Neborum... Existe? --- Perguntou Tadeu. --- Digo, é... É fora de Heelum? P-precisamos viajar para chegar lá?

--- Sim, viajar, sim. --- Respondeu Galvino, críptico. --- Mas sem sair do lugar. Esse mundo existe dentro de todos. O tempo todo. Mas apenas os magos conseguem vê-lo. Conseguem entrar nele. Apenas nós conseguimos agir nele.

Tadeu buscava com formigante freneticidade respostas para suas inquietações. Sua mente viajava, reinterpretando o passado.

Se havia um mundo ao qual apenas magos tinham acesso, era lá que seus pais estavam enquanto brigavam, rosanos atrás?

Sim

Sim, eles estavam. Clique aqui para ler um comentário relacionado no capítulo 9.

A dinâmica da magia

Clique aqui para ler um artigo sobre explicando, em detalhe, como funciona a magia.

Barnabás bebeu um copo de água enquanto deixava Amanda processar o que havia ouvido. Sorriu ao perceber a incredulidade estampada em seu rosto.

--- O que é importante, filha, é saber que esse mundo está sempre dentro de você. O que existe nele muda de acordo com as pessoas que estão perto de você. Com aquilo que está à sua volta. Se você conseguisse ver este mundo agora mesmo, filha, você veria nele um chão coberto de grama, mas estaria vendo isso de dentro de um castelo.

--- Um castelo... --- Repetiu ela. --- De corvônia?

--- Alguns são. Isso não importa muito, na verdade... Isso depende muito, filha.

--- Certo... E... O que mais eu veria?

--- O meu castelo, se andasse até uma janela do seu castelo, por exemplo. --- Respondeu Barnabás. --- Um pouco mais longe, mais à frente. O meu castelo representa a mim, a minha pessoa. O seu representa a você mesma.

--- Então em Neborum eu sou um castelo.

--- Sim.

--- E eu vejo todas as pessoas de Heelum lá? Todas são um castelo?

--- Não, não todas. Só as que estão perto de você no momento.

--- E quem é a pessoa que vê isso tudo? Eu seria capaz de ver você lá? Quer dizer, não o seu castelo, mas o seu... Corpo, por exemplo? --- Perguntou Amanda.

--- Em Neborum o seu corpo, aquilo que você como o seu corpo e o corpo das pessoas, é o seu iaumo, filha. Sua alma. Sua essência.

Tadeu estava confuso; seu pai, sentado. Morava num castelo, e aparentemente também era um --- em Neborum.

--- O que foi? --- Perguntou Galvino.

--- Não sei... O castelo sou eu, e "eu", em Neborum... --- Tadeu foi interrompido pelo pai, que adicionou "Sim, o seu corpo" quando Tadeu sublinhou o "eu" na frase. --- Sim, eu, o meu corpo é... O iaumo.

--- Exato. --- Reafirmou Galvino. --- E dentro do meu castelo, se você entrasse nele, você encontraria uma pessoa como eu. Meu iaumo.

--- E a alma? --- Arriscou Tadeu. --- É a mesma coisa?

--- Vejo que as aulas de tradição lhe serviram bem. --- Disse Galvino, enfim recostando-se completamente no sofá. --- O iaumo é uma palavra em na-u-min para a alma. Na época em que a magia surgiu já não se falava mais na-u-min, mas... Os magos esconderam sob essa palavra a ideia da alma. Nós, magos, conhecemos a alma, Tadeu.

Tradição

Assim como história se chama "registro" em Heelum, os jovens de famílias proeminentes de Al-u-ber têm aulas regulares de "tradição", onde lhes é ensinado o registro geral, costumes da alta sociedade da região, termos básicos de na-u-min, entre outras coisas. São aulas geralmente particulares. E os alunos geralmente as detestam.

--- E o que é magia?

Galvino levantou as sobrancelhas e abriu a boca, preparando-se para dizer algo.

Barnabás sorriu, levantando as sobrancelhas.

--- Bem, magia... Magia é atacar, minha querida. Quando dizemos que alguém vai atacar alguém, é como dizer que fará magia nessa pessoa. Magia significa sair de seu castelo... Invadir um castelo de outra pessoa, ou simplesmente entrar nele se a porta não estiver trancada, e... Realizar uma técnica dentro desse castelo. Cada técnica é um jeito como você pode influenciar alguém. Depois que você realiza a técnica, você pode voltar para o seu castelo diretamente, sem precisar refazer o caminho. Podemos fazer isso em qualquer momento.

--- E como eu faço isso tudo? --- Perguntou Amanda. Mesmo com as janelas abertas, sentia calor.

--- Calma... --- Disse Barnabás, fechando os olhos e levantando de leve a palma da mão. --- Uma coisa de cada vez, filha. Agora... --- O sorriso foi lentamente desaparecendo. --- Há uma coisa que... É essencial que você saiba.

--- O quê?

--- Magia é algo muito perigoso, Amanda. Muito, muito perigoso. Com ela você pode levar alguém à maior das alegrias, mas também ao pior dos infortúnios.

Lado bom

Apesar do uso pessoal e egoísta da magia, ela também é aplicada em muitas profissões com efeitos geralmente benéficos, além de na esfera interpessoal, embora com menos frequência. O uso profissional (benéfico) mais comum é o da medicina, em que os médicos tranquilizam pacientes e os deixam mais suscetíveis a serem honestos em relação à doença que têm, entre outras coisas.

Galvino parecia ter ficado subitamente preocupado. Colocara uma cláusula ao entendimento de Tadeu, mas parecia relutante em informá-la. Voltou a se empertigar no sofá, e eventualmente se levantou.

--- O que foi, pai? --- Insistiu Tadeu.

--- Existe muito a saber sobre magia. --- Começou Galvino, pondo-se novamente em frente ao fogo. --- Por isso existem as tradições. Cada uma tem um conhecimento específico sobre as técnicas, Tadeu.

Tadeu ouvira falar vagamente sobre elas.

--- Existem três delas. --- Continuou Galvino. --- Os bomins, os preculgos e os espólicos. Os bomins conseguem provocar sensações e sentimentos. Emoções e vontades. Os preculgos influenciam o modo como as pessoas pensam.

Tadeu colocava as peças do quebra-cabeça no lugar. Ser um mago significa invadir. Ele parecia se encaixar, afinal, na definição da vítima de um mago. Após a invasão, o mago pode influenciar pessoas. Alguns influenciam o que as pessoas sentem. Outros, o que as pessoas pensam.

Uma onda avassaladora de medo perpassou seu corpo, arrepiando-o com a ideia que ele havia intuído, ainda que não compreendido. O medo era real, e o fez querer fugir do olhar do pai instantaneamente; tinha medo de fazer a pergunta que precisava ser feita.

Faltava descobrir algo.

--- E os espólicos, pai? --- Perguntou Amanda.

--- Bem, filha, eles... Eles são diferentes. --- Barnabás derramara um pouco de água na mão, que esfregou na outra, enfim passando as duas nos trajes que vestia. --- Eles não têm técnicas que influenciam alguém. Eles não invadem seu castelo e procuram por coisas para fazer em uma sala ou outra.

--- ... Então o que eles fazem?

--- Eles buscam a sua alma, filha. Vasculham o castelo atrás dele, do iaumo, e quando o encontram, o dominam, o prendem em uma rede de força que... É impossível de descrever sem que você a veja ou, ainda pior, a sinta... E a partir daí, você está controlada. Você faz o que eles quiserem que você faça, não importa o que pense ou sinta quanto a isso.

Amanda tentou imaginar aquilo. Não sabia como imaginar Neborum, mas seguiu as dicas do pai. Viu a si mesma em meio a um infinito campo verde, debaixo de um sol tripudiante, diante de um Galvino enrolado por uma teia de grossos fios negros de lã. Ele parecia amedrontado, olhando para ela com a boca aberta e os olhos azuis aterrorizados. Estava pronto a implorar por misericórdia; a barganhar por clemência.

Amanda riu pra si mesma, sentindo um pouco de vergonha por imaginá-lo naquela situação. Pensou que sequer sabia se deveria imaginar a si mesma como espólica.

--- E o que nós somos, pai? --- Perguntou ela.

--- Tadeu, eu... --- Hesitou Galvino. --- Espero que entenda que há certas coisas que fazemos por necessidade. Nós, magos.

Tadeu não entendia por que a conversa tomava aquele rumo. Galvino prosseguiu.

--- Uma pessoa não pode conhecer todos os tipos de técnicas. Ela seria poderosa demais. Por isso as tradições mantêm-se estritamente separadas. O que você aprender aqui pode contar a um bomin por sua conta e risco, mas...

--- Nós somos bomins? --- Interrompeu Tadeu.

Galvino sorriu, confirmando.

--- Gosto do fato de que você usou a palavra nós.

Galvino esperou que Tadeu fizesse as conexões por si mesmo. Alguns instantes depois, o jovem olhou para o pai novamente:

--- O que o Barnabás é, pai? Qual é a tradição dele?

Mais silêncio por parte de Galvino, que limitou-se a olhar para o filho. Tadeu irritava-se a cada momento que precisava esperar.

Estaria ele em Neborum?

Interpretação

Estando ele ou não, talvez seja interessante ler um pouco sobre essa questão da interpretação do autor aqui, um comentário do capítulo 7.

--- Você tem que entender, meu filho, que... Se você ainda fosse... Amigo dela... Se a filha de Barnabás estivesse nos seus círculos de amizade... Isso seria perigosíssimo para você.

--- Por quê?

--- Porque Barnabás é um preculgo, Tadeu. E Amanda será uma também.

As chamas, que pareciam ter ficado mais fortes, deixavam a sala mais clara, mas também mais quente. Isso fazia a luz variar, e o fazia ainda mais para Tadeu, que era constantemente obscurecido pela sombra de seu pai. Apenas agora começava a entender o quanto sua vida também dependia da sombra dele, e quanto mais escura a sala parecia para ele, na oscilação da luz do fogo, mais ele se entristecia, ao mesmo tempo que se enfurecia, com a visão de seu futuro.

--- E o que tem de errado com isso? Eu i-ia... --- Com a cabeça confusa e inebriada pelo pouco de coragem que lhe restara a nova angústia era falar o que não devia. --- ... Manter isso longe dela! E ela poderia fazer o mesmo!

--- É possível, mas vocês seriam investigados à exaustão. Entenda, Tadeu. Procure pensar. Todos os magos desconfiariam muito de vocês dois juntos. Dois alunos, e tão jovens... Ficaria claro de que lado estaria a lealdade de vocês. Vocês poderiam se ajudar. Entender a magia um do outro.

--- Mas de que importa se... E se quiséssemos...

--- Você morreria, filho. --- Disse Galvino. Tadeu finalmente sentia que Galvino de fato olhava para ele. --- Você e Amanda. E também eu, sua mãe e Barnabás. Todos nós seríamos condenados se vocês compartilhassem qualquer coisa e alguém descobrisse. Uma acusação que seja. Infundada que fosse. Já seria o bastante.

Ver também[editar]

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