Capítulo 34 do Volume 1: Mal educados (Controlados)

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"Mal educados" é o trigésimo-quarto capítulo do Volume 1 da série Controlados (A Aliança dos Castelos Ocultos). É o último capítulo da Parte III do livro.

Ao terminar este capítulo, o/a leitor/a terá lido 53% do livro.

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Personagens[editar]

A fazer

Capítulo comentado[editar]

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--- Pare.

Byron e Tornero estavam do lado de dentro da carruagem laranja do mestre. O silêncio, quente e nervoso, atravessava as paredes, as portas e as janelas vedadas por cortinas cor-de-lavanda. Estavam em um lugar ao leste da cidade, com algumas baixas colinas separando-os do Rio da Discórdia.

--- Chame um deles aqui.

--- Acredito que sim, mestre, mas se eles não estiverem...

O que Tornero diria?

Há várias possibilidades; os próximos parágrafos apontam para a possibilidade de que ele apenas queria extrair mais paciência de seu mestre. Sua justificativa para tal poderia ser qualquer uma. Poderia ser, por exemplo, a de que se eles não estiverem acostumados com a saída repentina de alguém do grupo isso poderia ser suspeito, o que comprometeria toda a vigilância mantida sobre o grupo.

--- CHAME UM DELES AQUI, Tornero! --- Ralhou Byron, furioso.

Tornero gostava dos riscos e sabia que não seria realmente difícil conseguir aquilo, mas o problema naquele momento era o fino equilíbrio que a relação entre Byron e ele sempre exigira. Um era tipicamente o homem da estratégia, enquanto o outro jamais se cansaria de ser aquele a sentir o fogo da batalha arder à frente do próprio rosto. Mas Tornero sentia-se terrivelmente amedrontado quando convivia com o lado perturbado do mestre, que vinha à tona quando ele era contrariado. Sentia-se pego pelos calcanhares com um golpe rápido e indefensável, e tudo o que podia fazer era se balançar como um peixe. Odiava se sentir daquele jeito.

Logo ouviram passos acelerados na grama, que acabaram quando a porta lateral da charrete se abriu bruscamente com um estalido fino. Uma mulher com cabelos longos, de um loiro sem brilho, olhou para o interior da charrete com olhos curvados, como se permanentemente cansados.

Byron tomou conta da situação, expulsando-o do castelo dela com as próprias mãos. Há um segundo estava próximo à alma daquela mulher, girando-a rudemente em uma ventania que ele não tinha paciência de moldar. A próxima coisa que percebera foi que estava rolando na grama, indo parar a vários pés da porta principal do castelo que invadira, dolorido e sujo. Fechou os olhos e esmurrou a grama.

A mulher entrou na charrete, sentando-se ao lado de Tornero cheia de reservas.

--- Quem é você? --- Perguntou Byron.

--- Enrita... --- Ela respondeu, distraída.

--- O que estão aprendendo?

Ela olhou para ele com as pupilas tremendo e o corpo acuado, que deixava claro sua vontade de fugir dali o quanto antes.

Agora, por outro lado, queria ficar.

Magia

O narrador descreve de forma contraditória a forma como a personagem se sente para indicar, sem dizê-lo com todas as letras, que efeitos a magia bomin de Tornero (e, já agora, de Byron) está tendo sobre ela.

--- Lamar contou histórias... --- Respondeu ela.

Histórias

Lamar começa a usar o tempo de suas aulas para falar sobre o que a magia realmente significa em termos sociopolíticos. Seu projeto específico como professor alorfo, como mostrado no capítulo extra "Coragem", por exemplo, é tornar o povo conhecedor da realidade em que estão inseridos para que, mesmo sem conhecer a magia alorfa, tornem-se opositores dos magos tradicionais em geral.

--- O que estão aprendendo a fazer, sua ignorante! --- Respondeu ele. Ela desviou o rosto, assustada, enquanto ele gesticulava grosseiramente, entortando a boca ao falar. --- Em magia!

--- E-eu não sei, não é nada não, nós só... Fazemos uma s-sensação nos outros, d-de... De conforto, eu...

O rosto de Byron começou a se transformar.

--- Conforto? Vocês andam por Neborum normalmente?

Ritmo

Byron espanta-se porque sabe que, se os discípulos tradicionais, aprendendo uma vez por dia de forma intensa, demoram alguns dias até conseguir uma locomoção normal em Neborum, ele realmente não esperava que, encontrando-se poucas vezes e sendo eles várias pessoas com apenas um professor, alunos como aqueles poderiam estar já confortáveis em Neborum. De fato, não é o caso.

A confusão no rosto da entrevistada se acentuou de forma aguda. Olhou por um instante para Tornero, que ainda estava arqueado para frente, pondo os cotovelos nos joelhos.

--- Neborum? O que é isso?

A consternação sumiu da face de Byron tão rapidamente quanto surgira, e um riso dormente tomou seu lugar.

--- Ouviu isso, Tornero? --- O pupilo assentiu discretamente. --- Eles não sabem o que é Neborum, Tornero.

Ignorância

Byron não sabia que esse era o estado das coisas das aulas de Lamar. Embora Tornero tivesse uma noção disso, não conseguiu mencionar isso para Byron com todas as letras no capítulo 14 (ler no site de leitura / ler capítulo comentado).

Sua risada ficou cada vez mais cheia e satisfeita, mas nem por isso menos trôpega. Enrita o encarava com um tipo peculiar de vergonha. Não estava entendendo quase nada do que acontecia.

--- Pode ir, mulher. --- Disse Byron.

Sem pensar duas vezes, Enrita abriu a porta da charrete e saiu correndo para longe. A porta foi voltando devagar, sem ranger, ocultando para Tornero a visão da fugitiva.

--- Tranquilize-a, Tornero.

--- Estou fazendo isso.

--- Faça mais. --- Ordenou ele. --- ... Você estava certo, Tornero. Arranje tudo como quiser. Isto é uma permissão e uma ordem.

Antes do encontro parcialmente espontâneo com Enrita, Byron visitara Caterina. Pediu a Tornero que permanecesse na charrete, cuidando de qualquer atenção que lhe fosse dirigida. Andou decisivamente até a porta da alorfa, que a abriu antes mesmo que ele se anunciasse. Eles se viram, então. Em Neborum e ali, a um braço e meio de distância um do outro. Ela marcara sua posição como uma fortaleza do lado de dentro. Ele, do lado de fora, não fez menção de entrar.

Atenções

Tornero foi encarregado de fazer as pessoas prestarem atenção a outra coisa caso resolvessem notar a conversa entre os dois parlamentares.

--- Você me deve uma explicação.

--- Você está surpreendentemente alterado para um bomin, Byron. --- Afirmou Caterina, tão assertiva quanto ele, cruzando os braços.

--- Sei usar o que sinto contra quem merece.

--- Você deve estar falando de Alice. --- Cortou Caterina. --- Ela foi o problema, não eu. Eu votei com você.

--- Quieta! --- Disse ele, num impulso.

--- Ou suas intenções são fáceis de descobrir --- continuou ela, desafiadora --- ou pensamos de forma parecida.

Ele deu um passo à frente. Ela bateu a porta à parede depois de uma leve recuada, afirmando-se com postura. Os dois se olhavam também, frente a frente, do lado de fora do castelo de cada um. Ele saíra primeiro, com mãos quentes de onde saía uma volumosa fumaça de fuligem; ela, com um longo chicote negro nas mãos, tentava disfarçar as pernas trêmulas ao regularmente trocar de lado o peso corporal.

--- É exatamente por isso --- replicou ele --- que nós dois não podemos ocupar a mesma cidade.

--- Você não pode me derrubar, Byron. E isso não é um desafio. É um fato.

Um vento seco atingia insidiosamente Neborum ao redor dos dois castelos.

--- Muitos me colocaram onde eu estou e eu não vou desistir de lutar esta luta. --- Continuou ela. --- Uma luta que muitos deles nem sabem que existe ou o que é.

--- Você não tem condições de ganhar essa luta. --- Ele abaixou o tom de voz, copiando o jeito passivo-agressivo da parlamentar. --- Prima-u-jir não é o seu lugar.

--- O meu lugar é onde eu estou.

--- Não. Você ainda não está no seu lugar.

Byron virou-se e começou a ir embora, desaparecendo de cena também em Neborum. O pulso de Caterina disparava, e ela sentiu uma onda de ousadia que não conseguiu impedir de explodir.

--- As pessoas estão acordando, Byron! --- Ele parou, ouvindo de costas. --- Você não pode controlar tantos por tanto tempo! As pessoas estão começando a entender como tudo funciona, Byron!

Ele recomeçou a andar. Caterina controlou a vontade de perguntar se ele havia entendido o que ela dissera, e entrou de novo no próprio castelo e na própria casa. Trancou ambas as portas.

Ver também[editar]

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