Historicidade em Heelum (Controlados)

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Os humanos em Heelum encaram a história de uma forma particularmente diferente d'aquela com a qual estamos, enquanto parte da tradição de pensamento ocidental, acostumados.

Considerações sobre o tempo para os ocidentais

Costumamos pensar no tempo de duas formas distintas: a primeira, exemplificada no calendário mais microscópico, é cíclica. A vida como dividida em partes que se repetem de forma mais ou menos igual enquanto se desenvolvem (os meses do ano; as estações do ano; os dias da semana). Nossa principal forma de ver o tempo é, contudo, linear; é o formato primordial no qual pensamos nele e com o qual interagimos. Sempre que representamos o tempo o fazemos como uma linha do tempo. Para toda linha presume-se um início e um fim, bem como uma escala. O tempo é, portanto, quantificável e exato. Por fim, de maneira menos geral mas não menos importante, a linha do tempo é geralmente percebida como podendo ser resumida de acordo com as transformações que engendra como ascendente (progressiva), descendente (regressiva), estática, ou combinações dos três. Assim o tempo é essencial para entendermos quem somos - pois nos vemos como construídos por um processo histórico. Ao mesmo tempo fundamenta (não necessariamente leva a elas, mas é necessária para pensá-las) nossas ideias sobre progresso ou retrocesso. Para comparação, a literatura antropológica está cheia de exemplos sobre como o tempo pode ser percebido e vivido de formas diferentes por diferentes culturas. Uma leitura particularmente interessante é um trecho do livro "Os Nuer", clássico do britânico Evans-Pritchard.

O tempo em Heelum

A noção da criação do ser humano pela Rede de Luz legou para os humanos um significado todo especial sobre a própria essência: uma que não se entendia tanto pelos processos históricos pelos quais passaram, mas pelo modo de vida a que a sociedade se submetia presentemente. Isso tirou o foco do passado: conhecê-lo é interessante porque suas histórias formam todo um corpo de conhecimento (ético, educacional) que possibilita a construção da sociedade presente, mas a exatidão não é o que importa. Para os humanos de Heelum desde os tempos de Rede de Luz, quantificar a passagem linear do tempo com exatidão é pueril; análogo a dizer que o que importa é a história, e não o narrador, o que importa é a história, não quando aconteceu. Nesse sentido, surgem algumas consequências que podem ser sentidas ao longo do livro:

  • Nunca há uma data definida em termos de anos, ou, no caso, rosanos ("A história ocorre no rosano 1634", etc).
  • Distâncias de tempo no passado também não são conhecidas ("A Primeira Aurora durou 300 rosanos", etc).
  • O tempo cíclico é conhecido e quantificado por causa de sua importância na agricultura: sua regularidade incita seu aproveitamento técnico ("Hoje é 20 de Inasi-u-sana", etc).
  • O passado é reverenciado, respeitado e tido como certeiro; suas histórias são importantes, e a ordem das fases e a forma como acontecimentos-chave definem suas fronteiras é conhecida e endossada, mas não há interesse em saber a data exata destas coisas.
  • Aniversários raramente são comemorados, e muitos adultos não têm certeza sobre suas idades exatas.

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