Aparência, essência, e a moda entre elas

Então, veja bem... Esse texto foi publicado em 18 de dezembro de 2015. Como nada realmente desaparece na internet, não faz tanto sentido deletá-lo; mais fácil mantê-lo, nem que seja pra satisfazer alguma curiosidade posterior... Apenas saiba que há uma boa chance de ele estar desatualizado, ser super cringe, ou conter alguma opinião ou análise com a qual eu não concordo mais. Se quiser questionar qual dos três é o caso, deixe um comentário!

A moda é interessante. Qualquer pessoa que defenda a moda como algo além de um produto de uma cultura podre e alienante tem dois caminhos a seguir: o primeiro, que considera a moda como uma obra de arte qualquer, onde a roupa está para a arte como o quadro para a pintura, ou o papel para o texto literário. Ainda assim, não considerar as implicações políticas e despolitizantes de tal arte, no contexto atual, seria um pouco ingênuo — embora o argumento se sustente, e o conceito de moda em si não possa ser rechaçado como não-artístico.

O outro caminho a seguir é dizer que a moda tem a ver com expressão: ou seja, você se esforça para expressar, nas aparências, aquilo que você é, na essência.

self-expression photo
Photo by RUELLE CYRIL ART

O que é astonishing nesse processo é que ele vai contra uma das verdades mais aceitas pela espécie humana em seu atual período histórico: o de que as coisas não são o que parecem ser. Não há uma pessoa que acredite, no fundo de seu coração, que as coisas são o que parecem ser, e por duas vias distintas: ou a pessoa considera que o que se vê é uma mentira, no sentido de que existem conspirações no pano de fundo da história, ou a pessoa considera que há gente demais acreditando em conspirações e bullshit, quando deveria ver a realidade por detrás das mistificações. Ainda assim, o objetivo “cool” da moda é fazer você justamente parecer ser o que é. Curioso.