Dizem que os nossos próximos, nós escolhemos; e há quem valorize a seletividade. Isso é mentira, ou ilusão. Escolhemos contatos, aliados, antidepressivos. Amigos e amores surgem de repente: vêm da destruição, não da criação — começam com a derrubada inequívoca de qualquer relação trivial que justificava nossa ligação a eles antes, antes dessa catástrofe que solidifica nosso laço.
Relações como essas, porém – admito – mantêm-se através da comunicação, da colaboração e do incentivo, nem que seja pela inveja e pela crítica. As pessoas que passam pela nossa vida, mas quase nada significam, ensinam a conveniência, o abandono, o interesse. Eles drenam forças. Os que estão no coração ensinam a sensibilidade, a confiança e a liberdade. Estar entre eles é estar em casa. É precisar de nada para se tornar igual.