Sérgio Buarque tem esse trecho do “Raízes do Brasil” em que ele fala sobre o amor bizantino aos livros: tratamos os libros como sagrados objetos de adoração, e não posso desmenti-lo; acontece com quem gosta de livros e também com quem não gosta (pois eles continuam sendo símbolo de intelectualidade de qualquer forma). Se por um lado isso parece bom, será mesmo que isso não tem a ver com o nosso baixo índice de leitura país afora?
Será que não deveríamos banalizar mais os livros? Afinal, popularizá-los só pode significar que estamos dispostos a sujeitar os coitados a todo tipo de coisa. Popularização sempre significou trazer o sagrado ao mundano, não o contrário. O que ganhamos ao idolatrar o livro? Ao ver rasuras, anotações e “orelhas” como sacrilégios, não estamos afastando-os, por exemplo, do contato verdadeiramente lúdico que as crianças tem com um objeto?