Sobre plantas, ventos e pessoas

Então, veja bem... Esse texto foi publicado em 28 de maio de 2016. Como nada realmente desaparece na internet, não faz tanto sentido deletá-lo; mais fácil mantê-lo, nem que seja pra satisfazer alguma curiosidade posterior... Apenas saiba que há uma boa chance de ele estar desatualizado, ser super cringe, ou conter alguma opinião ou análise com a qual eu não concordo mais. Se quiser questionar qual dos três é o caso, deixe um comentário!

Escrito em março de 2009.

As pessoas são como plantas. Plantas que crescem no meio do vento que é o resto do mundo.

O vento das oportunidades, o vento das restrições, o vento da cultura, o vento dos fracassos e dos fracassados.

É um vendaval que nunca para. E a planta cresce. Ela resiste. Cresce também de acordo com sua informação genética, é claro, mas tem que se conformar com o vento e planejar sua adaptação a ele.

Ela pensa em um dia ser frondosa árvore.

Mas o vento é o vento. O vento pode quebrar uma planta. Tamanha força pode afastar polinizadores. No mínimo, a árvore acaba torta depois de tanto contato com essa força implacável. E torta ela cresce. Pra um lado ou pro outro, torta.

É ridículo dizer que a planta cresce sem o vento. Que, não, imagina, o vento não a afeta. Pode o vento transformar pitangueiras em jabuticabeiras? Mas como apontar para uma planta e dizer que ela é torta porque quer?

Mas… Talvez…

Talvez as pessoas não sejam plantas. Talvez não sejam como plantas. Talvez sejam simplesmente humanos. Humanos ao vento, tentando resistir. Às vezes colocando a mão à frente do rosto; às vezes desistindo e resolvendo sentir de vez o vento ao invés de brigar com ele. Por vezes caindo e ficando lá no chão, estatelados.

Às vezes conseguem dar um passo à frente. Elas se desequilibram, é complicado, mas elas seguem. Têm determinação pra tanto.

Eventualmente podem descobrir que não gostam do caminho para onde estão indo. Às vezes é contra o vento, às vezes não. O importante é que tentem; que não sejam plantas, mas humanos. A explicação acaba aí; humanos possuem consciência – de alguma forma somos quem somos e, mesmo que por alguma mínima e ridícula diferença, não somos plantas.

Nós podemos tomar o controle da nossa vida? “Fazer valer à pena” tem como requisito assumir certas responsabilidades para com liberdades que queremos ter e com liberdades que vamos, querendo ou não, ter. Jogar-se ao vento de cabeça – não com galhos e folhagem e contando com uma incerta raiz, esperando o destino atuar.

Talvez ser planta ou uma pessoa seja uma escolha.