Fall Out Boy é uma banda muito, muito boa. Quem não imediatamente foge deles por causa do estilo musical ou por eles não terem sido exatamente leais a um determinado estilo acaba encontrando uma mina de ouro em termos artísticos: brincando com melodias, harmonias e sensibilidades pop, as letras são muito bem construídas, por vezes afiadas, e não faltam “fases” da carreira da banda para agradar aos fãs.
Eles estão de novo sob holofotes por conta da trilha sonora do filme Ghostbusters. Eu particularmente não vi o filme, que parece ser melhor do que os trailers indicavam, e a música, com participação da Missy Elliot, também achei meio fraquinha. Por outro lado, nunca espero muito de trilhas sonoras feitas por artistas famosos. Sem expectativas, sem decepções, yay!
É difícil encontrar quem não tenha ouvido uma musiquinha sequer deles; elas estão em trailers, viraram clássicos a la MTV, já foram associados aos maravilhosamente fofinhos (sqn) Happy Tree Friends, fizeram música com a Demi Lovato… Eles já têm um lugar na história do rock, mas que joias se esconderão na obra dessa banda que já dura quase duas décadas? Aqui vão as 9 melhores músicas do Fall Out Boy… Que você provavelmente não conhece:
Moving Pictures
Em 2002/2003, eles eram osso duro de ouvir, viu? Bem mais punk que pop, a banda fazia umas coisas sofríveis, com toda sinceridade. Mas Moving Pictures é uma musiquinha bem bacana; com um refrão legal e cheia de juventude, é o melhor que dá pra encontrar no EP Split e nos álbuns Evening Out With Your Girlfriend e Take This to Your Grave (a não ser que você esteja procurando por som de garagem, e nesse caso vá ouvir esses CDs que eles são bem legais).
My Heart is the Worst Kind of Weapon
Em 2004 eles já ficam mais parecidos com o que conhecemos da banda hoje; a começar pelo ótimo título do álbum daquele ano, My Heart Will Always Be The B-Side To My Tongue, com músicas acústicas, sem muita complexidade instrumental, porém letras mais ambiciosas.
Olha que foi até um pouco complicado escolher o que recomendar nesse álbum; It’s Not A Side Effect Of The Cocaine é interessante, uma versão de Nobody Puts Baby In The Corner (que vai aparecer mais tarde no glorioso From Under The Cork Tree) é bonitinha, um cover de Love Will Tear Us Apart também não é de se jogar fora… Mas sem dúvida My Heart is the Worst Kind of Weapon é a que mais merece ser ouvida; “Take your taste back, peel back your skin / And try to forget how it feels inside / You should try saying no once in a while”.
Champagne for My Real Friends, Real Pain for My Sham Friends
Em 2005 veio o estouro: do vídeo dos macacos com um título sem vogais até a ótima “I set my clocks early / cause you know I’m always late” e uma que também ficou bem famosa, mas ninguém lembra de cara, From Under The Cork Tree fez a banda estourar no mainstream.
E o que você perdeu? Bem, você provavelmente não ouviu a música mais pauleira do álbum; ela ainda é a cara das outras, com letras voltadas pra relacionamentos e tudo o mais, mas é mais divertida; no mar dos riffs meio Weezer desse álbum, é um destaque.
I’ve Got All This Ringing In My Ears and None of my Fingers
Infinity On High foi um álbum controverso: um passo, se não pra frente, um pouquinho pra fora – as letras ganham corpo, ficam mais ousadas, variadas, e a própria banda, embora com um pé na mesma vibe da última obra, fica a fim de experimentar umas outras sonoridades, como no hit This Ain’t A Scene, It’s An Arms Race.
You’re Crashing But You’re No Wave tem um título engraçadinho e é bem convencional, mas as melhores coisas estilo FOB pré-2007 desse álbum com certeza são The Take Over The Breaks Over e aquele power pop maravilhoso com um clipe foda (você sabe qual é). Eu achava que a primeira, aliás, era pouco conhecida, mas tem até clipe – então é possível que você já a tenha ouvido…
E dessa sonoridade nova que vem surgindo nesse álbum, o que é que vira? Coisas como Golden, sim – mas me passa a impressão de ser tipo Ask Me Anything, dos Strokes, aquela música chata de meio de CD que parece que a gravadora pediu pra eles fazerem para incluir alguma coisa mais fofinha ou lenta, sei lá. Não; a joia oculta desse álbum está mesmo em I’ve Got All This Ringing In My Ears and None of my Fingers. O que mata o coração é o hook de fundo, a atmosfera épica do início e, é claro, o refrão – “The truth hurts worse than anything I could bring myself to do to you”.
A folia de Folie a Deux
Ok, o negócio é o seguinte: por que Folie a Deux é o melhor álbum do Fall Out Boy? E por que ele parece não ser, considerando que praticamente todos os outros depois de 2005 são mais reconhecidos que este? Porque as músicas que foram escolhidas para serem tocadas na rádio – America’s Suitehearts e I Don’t Care, basicamente – são as piores do álbum. Que cagada… Ele não foi bem representado, mas acredite – tem coisas aqui que você não ouviu que são a nata da carreira inteira deles.
Por onde começar? Bem, por onde não começar? Foi impossível escolher uma música só, e considere que acabei descartando West Coast Smoker, Tiffany Blews, 27 (“If home is where the heart is then we’re all just fucked” – LOL – “My mind is a safe / And if I keep it in we all get rich / My body is an orphanage / We take everyone in” – LOOOOOL), What a Catch, Donnie (bem mais sincera e orgânica que Golden), (Coffee’s For Closers)…
Não, veja, essas foram as que eu excluí. As que eu quero te mostrar são as seguintes:
20 Dollar Nose Bleed foi gravada, inclusive, com o vocalista do Panic! at the Disco, Brendon Urie. Ela tem um refrão tão forte (mesmo sendo tão leve), com uma letra tão curiosa: “Give me a pen / Call me Mr. Benzedrine / But don’t let the doctor in I wanna blow off steam / Call me Mr. Benzedrine / But don’t let the doctor in”. A letra, aliás, é um exemplo de como Fall Out Boy cresceu, mesmo que não necessariamente para territórios óbvios: falam de literatura quando mencionam “The Man Who Would Be King“, mas também de política quando na mesma estrofe atordoam: “Goes to the desert / The same war his dad rehearsed / Came back with flags on coffins and said / “We won, oh we won””. E o que é aquilo com “Only one book really matters / The rest of the proof is on the television”?
A próxima é Headfirst Slide Into Coopestown On A Bad Bet. Que música, meus amigos – ela tem pegada, o pré-refrão vêm com uma guitarra danada e, embora o refrão pareça meio anti-climático, ele traz um elemento destoante bem interessante pra música. No lado das letras, nada muito inovador no conteúdo, mas a forma mostra um FOB brincalhão extremamente divertido: você não é um fã até saber cantar por instinto, sem contar, a parte do “wish I din’t I didn’t I didn’t (…) I DON’T!”.
W.a.m.s. é uma música esquisita por várias razões: ela tem uma sonoridade que me lembra muito um samba no começo e no fim (aliás, depois do fim da música tem um minuto de algum blues estranho); a letra é bem pop, quase sem nenhuma idiossincrasia fall-out-boyiana pra comentar, exceto que a música é tão épica, especialmente no refrão, que mesmo que a letra não tenha nenhum grande significado, um pequeno serve: “Hurry, hurry / You put my head in such a flurry, flurry / What makes you so special? / What makes you so special? / I’m gonna leave you / I’m gonna teach you / How we’re all alone” – nada demais, mas Jesus como é bom cantar essa parte a plenos pulmões, e como ela gruda na cabeça!
Por fim, essa é uma música que implora para ser ouvida via fones de ouvido (bons). As minúcias são muitas e transformam essa faixa numa obra-prima: o som meio “sirene” no início; o sutil “tamborilar eletrônico” durante o refrão que dá uma urgência ainda maior à faixa. É realmente incrível.
Miss Missing You
Fall Out Boy nunca mais foi o mesmo depois de Folie – para bem e para mal. Não só eles deram um tempo como, quando voltaram, mudaram significativamente o estilo da banda. Em Save Rock and Roll, é difícil dizer quais músicas ficaram pouco conhecidas; obviamente, você já deve ter ouvido a do Elton John, Phoenix é maravilhosa, a da Courtney Love é uma bela porrada… E não tem como usar clipes como critério, porque todas as músicas desse álbum têm clipes.
Acho que a que mais vale a pena indicar é Miss Missing You: a intrusão eletrônica no power pop deles não fica tão dançante quanto em Where Did the Party Go, e o final do refrão é marcante: “Sometimes before it gets better / The darkness gets bigger / The person that you’d take a bullet for is behind the trigger”. É boa, muito boa.
Novocaine
Será que é porque tantas bandas (Bon Jovi, Alice Cooper, Beck – take your pick) têm músicas com o mesmo nome que eu achei que essa faixa é meio enterrada na discografia deles? Não sei. Mas no mesmo álbum de Centuries, que eu achei meio apelativa, e Irresistible, que é descaradamente apelativa, Novocaine me parece fantástica – dançante sem deixar de ser rock’n’roll, ela lembra um pouco a ambiguidade de Party Poison: uma música de festa com letras anti-festa.
Conhece outras?
Eu particularmente não ouvi ainda o EP PAX AM, nem o álbum de remixes deles (Make America Psycho Again – o Fall Out Boy tem os melhores títulos ever), então esses ficaram de fora. Mas então – tem alguma que eu esqueci? Curtiu esse lado B da banda? Deixe um comentário!