O estatuto de aluno, ou seja, daquele que deseja adquirir um conhecimento solidificado, tendo acesso a ele, sempre foi obtido através da necessidade ou da motivação: aprende-se quando é preciso ou quando se quer.
A contemporânea criação do ensino obrigatório e sua tecnocracia nos lega um novo aluno, a tal condição ascendido através da conveniência, da situação, da simples normalidade de tal o ser. Nesse novo arranjo de coisas o responsável pela motivação é o professor, que já tem ainda mais peso nas costas quando o processo educativo é encarado por algo reto, simples e matemático; algo que pode ser reduzido à lógica das escalas industriais, e que portanto para qualquer falha há sempre alguém que provocou a falha – o professor, mecânico que não soube conduzir o processo como se deve, ou o aluno, material estragado que não se conforma a ele.
A natureza do processo permanece, inquestionável, como se não fosse uma ferramenta bruta, burra, embrutecedora e ensurdecedora. Deturpação ou simples transformação? Essa nova condição de aluno deve ser encarada com naturalidade ou com estranheza, originando a nostalgia com o que um dia o aprender já significou? Ora, se considerarmos o que é melhor para o aprendizado – um aluno motivado por outrem ou por si mesmo – além de considerarmos os gastos inúteis de energia, tempo e esforço para enfiar “garganta abaixo” o que não se quer, não há dúvidas de que se trata de algo com muito menos valor.
Mas nem mesmo o passado é feito de glória absoluta, e um novo caminho deve ser conquistado em uma sociedade mais igualitária: o professor não como detentor de algo, sendo, assim, superior e constituindo uma autoridade. O aprendizado é um produto, acima de tudo, social, e com consequências sociais, e os laços e redes que ele enseja devem ser valorizados acima de tudo. Mais do que algo latente, inclusive; algo fundamental.