Esta é em parte uma tradução dessa postagem no The Writing Realm. Caberia perguntar não só o que é uma “parte lenta” em primeiro lugar, mas porque ela seria indesejável. Seria isso uma questão cultural – já que os autores e seus leitores cada vez mais buscam pelo ritmo de um Hollywood action blockbuster nas obras literárias?
Acho que não. É uma questão de dinâmica narrativa; mesmo que o estilo do autor seja longo (como o de um Saramago) ou mais descritivo (como o de um Tolkien), isso não significa prejuízo para a estrutura da história e para o interesse do leitor. Não se trata tanto dos parágrafos, mas do “momento” da narrativa; um segmento do enredo em que “nada acontece”. Há uma sensação de vazio, de tédio, que é indesejável independente de quão dependente de adrenalina você seja. Acontece em dramas, em ação, em fantasia, em suspense, em ficção científica… E é muito mais fácil de detectar enquanto leitor do que enquanto autor, pois muitas vezes trata-se de algum grupo de elementos narrativos necessário a algum encaminhamento planejado de antemão. Por exemplo, o personagem A precisa chegar até um momento B na trama; como esse é o objetivo do autor, partes ruins ao longo dessa jornada são negligenciadas ou mesmo consideradas um mal necessário.
Daí a importância de ler, reler, reler mais uma vez e reler de novo (ou seja, revisar) o que se está escrevendo. Especialmente com um espaço de tempo entre a escrita impulsiva e a revisão (dar espaço para que os olhos respirem, e cheguem com novas perspectivas ao que foi feito). Escrever é reescrever; essas dicas a seguir procuram dar direções interessantes quanto ao quê reescrever caso entenda-se que existe uma “parte lenta” na história – um momento em que você se arrasta pela leitura, querendo logo que ela acabe. Numa obra ideal, nenhum trecho da história deveria fazer o leitor se sentir assim.
- Desenvolva as subtramas
- Considere as relações entre os personagens. O personagem principal está brigando com seu melhor amigo? Os irmãos estão descobrindo algo sobre si mesmos?
- Considere relacionamentos românticos; o que está havendo com eles?
- Quando conquistar um objetivo se torna mais difícil, seu personagem perde a fé? O foco? A esperança? Qual é seu estado mental, e como você pode representá-lo por atitudes do personagem? Lembre-se: show, don’t tell.
- O seu personagem tem um bom sistema de suporte? Ele está solitário? O seu personagem consegue motivar a si mesmo, mesmo quando as coisas ficam difíceis?
- Seu personagem está fisicamente bem? Está cansado o tempo todo devido ao stress? Como está a saúde do personagem em relação a seu objetivo?
- Considere retrabalhar o enredo. Se os outros aspectos da sua história não prendem a atenção do leitor, talvez você deva alterar a trama.