Em defesa da (refletida) agência humana

Então, veja bem... Esse texto foi publicado em 25 de maio de 2017. Como nada realmente desaparece na internet, não faz tanto sentido deletá-lo; mais fácil mantê-lo, nem que seja pra satisfazer alguma curiosidade posterior... Apenas saiba que há uma boa chance de ele estar desatualizado, ser super cringe, ou conter alguma opinião ou análise com a qual eu não concordo mais. Se quiser questionar qual dos três é o caso, deixe um comentário!

A ideia de que a partir das liberdades a razão prevalecerá não é falseável, uma vez que o tempo pode ser considerado para mais ou para menos para que ela se prove verdadeira. Além disso, o futuro não é conhecido: e se nada der certo? Se estivermos só no começo de uma longa queda em direção à mais sombria das escuridões?

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Photo by mhobl

Não é o caso de pessimismo, nem de deixar o medo ditar nossas ações, nem de trocar grande liberdade por máxima segurança – mas qualquer análise complexa do mundo vai aceitar que, sim, às vezes agimos por medo, e sim, às vezes trocamos um pouco de liberdade por outras coisas, dentre elas, segurança.

Fish lembra que a confiança cega no valor da liberdade de expressão lembra muito o retorno de Jesus. Trocar parte da liberdade de expressão por repressão a formas de ação e discurso que ofendam a igual dignidade essencial dos humanos seria uma troca em direção à conservação da liberdade. Ou seja, é preciso presumir que às vezes certas instituições estão em risco, e é preciso defender os princípios sobre os quais elas foram fundadas (como no caso da liberdade e da igualdade, porquanto tal defesa não avance contra esses princípios). No entanto, o mais importante de tudo é que esses princípios estejam em efeito e guiem de fato a cultura das pessoas – daí a necessidade de princípios substantivos nos procedimentos políticos, talvez – porque se não qualquer lei, qualquer iniciativa nesse sentido vai restar enfraquecida. É um ponto de contraste entre anarquistas e republicanos, que visam mecanismos, uma política separada da sociologia; ideal, que vista governar “seres humanos em geral” desingenuamente defendendo que não são pressupostas várias coisas contingentes e discutíveis sobre a natureza humana. Tais iniciativas deveriam combater cânceres; impedir, mas de forma mais humana possível a disseminação de um discurso e de atitudes contrárias a esses princípios.