Perguntas que todo autor deveria fazer ao revisar a trama de seu livro

Uma tradução deste post, descoberto no ótimo blog Fuck Yeah Character Development. A última parte foi retirada por falar principalmente de regras tipográficas da língua inglesa.

Estrutura geral do livro (o que a história é e como é contada):

  • Sobre o que é o livro? Qual é a força que dirige a narrativa?
  • Qual é o público para esse livro?
  • Ele é baseado em alguma experiência real?
  • A história funciona? Tem alguma parte que não parece muito convincente ou que, ao ser lida, parece demorar demais, “se arrastar”?
  • Há alguma parte que eu não entendo?
  • Qual é a trajetória, ou o formato, da história?
  • A história começa no lugar certo?
  • Quão rápido a história me prende?
  • Há algum momento em que a história se quebra e eu perco o interesse nela?
  • Eu acredito no que estou lendo?
  • Quão satisfatório é o final? Ele parece inevitável?
  • Parece que alguma coisa está faltando?
  • Tem alguma coisa desnecessária (personagens, detalhes, acontecimentos)?
  • Qual é o ponto de vista narrativo (primeira, segunda, terceira pessoa)? Ele muda? É consistente?
  • Os tempos verbais são consistentes? Se mudam, isso é necessário?
  • A coincidência é usada como um dispositivo narrativo? Em caso positivo, há alguma outra forma de moldar o curso dos eventos?

Personagens

  • Quem são os personagens (primários, secundários, incidentais)?
  • Eu sinto que conheço eles?
  • Eu me importo com eles?
  • Eles parecem reais?
  • O que eles querem?
  • Quais são seus pontos fortes e seus pontos fracos?
  • Eles têm conflito interno e/ou externo?
  • Eles têm alguma função (em termos de relacionamento com os outros personagens e desempenhar um papel na narrativa)?
  • Eu posso ouvir seus pensamentos, ou, se não, eu entendo como eles se sentem a partir da interação deles com outros personagens, suas palavras e suas ações?
  • Eles parecem pertencer ao tempo e ao espaço da história?

Ambientação

  • Como ela é transmitida ao leitor?
  • Quão importante é para a história?
  • É um lugar real, e seus detalhes estão corretos, ou – mais importante – eles parecem estar corretos?
  • O cenário se torna uma personagem da história?

Coisas com as quais tomar cuidado:

  • Personagens se olhando no espelho para que o autor possa descrevê-los para o leitor.
  • Livros ou capítulos começando com o personagem principal acordando, especialmente de uma ressaca.
  • “Pular” de uma mente para outra.
  • Olhe para o espelho, dê o sinal, faça a manobra: ao comparar escrever uma história com dirigir um carro, Elaine Roberts fala sobre como devemos “olhar para trás” (entender como a história tem se desenvolvido até aqui, especialmente em relação aos objetivos, pensamentos e sentimentos dos personagens), “dar o sinal” (fazer com que eles ajam ou falem algo que sinalize para algo no futuro, ainda que o leitor não entenda exatamente tudo que está acontecendo) e então “fazer a manobra” (concluir a questão de modo que o leitor tenha um momento “… aaaahh!” em relação ao que está acontecendo; este é o momento das voltas e reviravoltas da história).
  • Escrever demais (por exemplo, descrições muito longas ou se deter demais no que um personagem está sentindo).
  • Angústia e introspecção de um personagem.
  • Trechos em que quase nada está acontecendo de fato.
  • Repetição de história, personagem ou informação sobre a trama.
  • Mostre, não conte (Show, don’t tell).
    • Esse é um conceito mais amplo do que parece e essencialmente se refere à importância de tentar dramatizar em vez de afirmar, tanto quanto possível, especialmente no que concerne aos personagens. Claro que há muitas coisas que precisam ser ditas, em termos de informação, descrição, pano de fundo e cenário. Mas quanto mais você faz o seu personagem habitar o cenário, usando objetos como dispositivos, mais você estará mostrando ao leitor o mundo da história sem ter que interromper o que está acontecendo para falar sobre ele em maior profundidade. Quanto mais virmos os personagens em ação, melhor.

Algumas dicas:

  • Escreva em voz ativa, em vez de passiva.
  • Evite descrever demais: se você vê que está precisando usar várias palavras para descrever alguma coisa, pode ser que sejam as palavras erradas! Continue pensando até encontrar aquela uma palavra que transmite ao leitor exatamente a ideia precisa que você pretende transmitir.
  • Deixe o leitor habitar a escrita: deixe algumas coisas para a imaginação dele.
  • Deixe os personagens revelarem a si mesmos através de palavras e ações.
  • Evite advérbios.

Retirado do site “The Writers’ Workshop”:

Quase não existem histórias em que o autor não conta nada (telling). E não tem problema: contar coisas é uma técnica bastante útil contanto que fique confinada a seu lugar. De modo geral, você vai querer dar prioridade a contar coisas, em vez de mostrá-las, quando:

  • Você está estabelecendo uma nova cena ou capítulo e deseja que o leitor saiba rapidamente o que está acontecendo.
  • Não há nenhum drama particular com o qual lidar, somente informação necessária.
  • Você quer passar rapidamente por um período de tempo.

Você geralmente vai querer dar prioridade a mostrar coisas (showing) quando:

  • Há ação dramática acontecendo.
  • Há um conflito, especialmente entre um ou mais de seus personagens principais.
  • O incidente diz respeito a um grande desenvolvimento da narrativa.
  • O incidente envolve a revelação de importantes informações novas.
  • As emoções estão intensas.

Edições linha a linha

Uma vez que você tenha trabalhado em revisões maiores de um texto, geralmente depois de vários rascunhos (lembre-se que o livro geralmente fica ruim antes de ficar bom!), você pode se focar em uma edição mais minuciosa. Isso envolve garantir que cada frase do livro seja tão forte quanto possível:

Coisas para observar:

  • Estilo: ele pode ser melhorado? Ele é consistente?
  • Repetições ao nível de frases ou palavras específicas.
  • Garanta que a escrita seja sempre fluente, e as frases nunca sejam convolutas.
  • Expurgue qualquer escrita exagerada ou desnecessária que tenha sobrado.
  • Padronize tempo verbal e padrões gramaticais.
  • Preste atenção ao diálogo: cada personagem fala de sua própria forma? Há alguma intersecção? O diálogo parece natural?
  • Cuidado com advérbios e frases passivas.
  • Tente simplificar as coisas.